sexta-feira, outubro 04, 2019

Leite

Há meses sua presença se desdobra sob meu olhar sedento. “Teu corpo combina com meu jeito” nunca fez tanto sentido. Caetano e sentimentos tocando ao fundo. Meu sofá é testemunha desde quando segurei tua mão pela primeira vez. Pensa saber de tudo. Ana Cristina Cesar sabe. Tudo é sobre: quando teu olhar me disse sim. Te devorei com toda vontade. Como entendi os teus pedidos silenciosos. Teu rosto de desejo. Deixar teu corpo pronto para me receber. De quando você me entrega tudo. De quando nos convidamos ao quarto. Você pedindo. Quando nos olhamos e vem. Volta. Vai. Troca. Venir. Teu suor no meu corpo e você derramado nos lençóis. Dormindo juntos mesmo que separados. Porque minha cama é tua também. Foi dentro e ficou.

terça-feira, setembro 24, 2019

Postal

Sem mentira nenhuma. Me coloco aqui, dando uns passos. Acho justo e calculado, como quem quer investir e resgatar depois. Só mais tarde. Como poder aproveitar tudo que me dão sem o medo de assumir o tamanho das coisas? Há sempre um furtivo sentimento sentinela muito cuidadoso e quase covarde. Sentir é muito. Sempre senti assim. Nunca me senti assim. Sentindo físico-químico. Você nas conversas à meia luz. Você sempre. A inspiração incitada inteira em nós dois. Pesquisando alegria. Alegria invadindo todos os meus textos. Os teus também. Você tendo um pouco de coragem. Tenho também. Saber que se pode é poderoso. Saber fazer é poderoso. Sinto que com você eu posso e faço. Eu sei. Você sabe. Alegria para sempre. Coragem e alegria.

terça-feira, junho 04, 2019

Da sorte

Eu deserto, me vi completamente oceano.
Te convido, discreto, sem saber ao certo.
Tu vem, me olha direto, me entrego, completo.

Eu desperto, tu descoberto.
Cheiro de sono, na cama desapego.
Veio e nadou em mim, bicho solto, afoito
Me rasga e vem dentro, todo.

Te dou e peço, você dá e eu pego.
Tanto te falo, nada nego.
Porque nosso silêncio é elo.
Ao léu, domingo à tarde, te espero.

terça-feira, agosto 28, 2018

Sofá

Lembrança viva inteira aqui.
Você arranhando o sofá, tua voz baixa e grave me embalava noite adentro.
Eu inteiro vinho,
Debruçado num desejo tímido e amedrontado, te tragava junto.

Tateando o que poderíamos ser...
Me entreguei umas duas ou três vezes
E você aproximava bem devagar.
Teu olhar em silêncio.

Teu corpo todo negro e dourado,
Eu e você, tanto e pouco, pra muito que existe aqui.
Teu batom na minha boca,
Minha boca sossegada na tua.

terça-feira, agosto 21, 2018

Caixa

É uma lástima como meu rastro te arrasta.
E que, mesmo quando eu disfarço, tu me gasta.
Meu caminho é tua aposta farta, mesmo quando não te encaixa.
E, quando tu insiste na tua resposta nefasta: de que já não gosta.
Tu me desgasta e me alastra.
Inteiro.
Em ti.

quinta-feira, dezembro 07, 2017

Vizinho

Ah, que bonita a cama com você...
Troco lençol, pra você deitar cheiroso.
No despertar silencioso, te puxo mais perto.
Corpo deslizando preguiçoso um num outro, duro muito.

Isso que é bom! Sem estar atrasado uns minutos...
Sem preocupar se é namoro.
Bom é combinar tantas outras coisas pra depois.

A ligação tarde da noite,
Umas quatro saideiras.
Um beijo de canto,
Volto.
Um beijo.

Vem e fica perto.

quinta-feira, julho 20, 2017

Desistir

Sempre me entrego às palavras que acendem.
Sem motivo tal, me envolto inteiro...
Etimologia, poesia e dor.
Domado completo em poucas sílabas.

Não por acaso, indefeso,
Me surge termo certeiro,
Desabo sem saber.
E cá estou, torto.

Desvencilhar do que encanta, mas que não presta, é coragem.
Esperteza.

quarta-feira, junho 28, 2017

Réu

Minha cama, tão tua,
Desabou no silêncio.
Quando teu abraço me tornou inteiro dúvida,
Segurei tua mão.

Entregue nessa malícia que arde,
Desabei na dúvida de já tão distante.
Teu olhar sossegava,
Mas o corpo já inteiro calejado.

Dobrei vontade.
Entendi tudo o que não era falado.
Pois tanto tinha ali,
Quanto não pertencia a nada.

sexta-feira, maio 26, 2017

Bote

Quero você pertinho,
Mas não tão perto que faça perder-me todo em ti.
É que no escuro, teu corpo me revela inteiro.
Vejo um homem encaixe.

O teu toque certeiro,
Que me deixa fogo total.
Atiça libido infinita,
Quando tu vem em mim.

Teu jeito de falar meu nome
Ou quando tu me conta teus segredos mais banais.
Flerte distante.
Teu silêncio me convence.

quarta-feira, abril 05, 2017

Truque

Lembro de quando você era mais um
Quando ainda não tinha decorado teu nome
De quando não tinha sentido pensar em ti
Hoje recordo de tanto...

O encontro romantizado,
Reencontro planejado.
Toda a intimidade do teu beijo,
Quando você se tornou aguardado,
Quando segurei tua mão.

Quando longe te vi, logo quis...
Quando perto, algo fora do lugar.
Nós não pertencíamos a qualquer lugar que não fora um quarto de portas fechadas
Nossa atmosfera sucumbe ao alheio.

Ainda que não venha a entender dos detalhes,
Sinto tanto, ao fim, admito.
O que seria?
Algo meu ou para ti? Não me pesa tanto.
Tu me vens em tantos devaneios e palavras...
Isso já me basta para ser um pouco teu.

sexta-feira, junho 17, 2016

Mordido

Entregue à antecipação,
Já mergulho em ti, na tua ressaca.
Porque era ali, eu e você, dentre a explosão de junho passado.
Mais uma vez existiu um pertencimento (efêmero).

Já tão distante das palavras,
Me vi incitado outra vez.
Três culpados:
Ana,
O frio
E você.

É que, naquela noite,
Teu corpo era um pouco meu também.
E, logo eu, estava ali, desarmado.
Atônito!

Vamos nos perdendo,
Tal hora reacende aqui e ali.
Fica com o troco,
Vou levar pra viagem.

sábado, abril 18, 2015

Bonito

À meia luz me permiti
E você fluiu por todo meu corpo.
A noite se arrastava,
Abstraindo tudo alheio a ti.

Dois ou três brindes, teu sorriso e te vi.
Te vi inteiro, cru, inevitável.
Ímpeto imediato de te querer perto,
Te querer em mim.

É que teu cheiro desarma,
É que, quando tu fala, daquele jeito, sou teu.
É que teu corpo tem meu encaixe
E que na tua boca cabe meu beijo.

sexta-feira, fevereiro 20, 2015

Torpe

E quando acordo ainda preso,
No meio de um reencontro imaginado,
Vem a perda inexistente
E deságua em mim como se fosse letal.

Pois, naquelas duas ou três palavras,
Num sorriso infalível, preciso,
Fui todo entregue,
Mas nosso olhar se perdeu.

Suave, inteiro, me devolvi à cama vazia
E recusei os convites para ficar mais.
Mas como num último truque,
Tu passa por mim e...

terça-feira, outubro 14, 2014

Mergulho

De todas as madrugadas esquecidas
Mantenho-me atento àquela.
Das vontades vencidas,
Quando o veneno deserda.

Deixo tudo escrito,
Em palavras tremidas.
Revisitando o não dito,
Confesso-me na tentativa.

Pela tarde, tu desperta
Na minha cama deserta.
Castigando, decidido,
Teu silêncio exaspera.

Na despedida, já traçada,
Refugio o que dilata.
A distância agrada.
Fraco, medíocre, ao fim, nada.

terça-feira, agosto 26, 2014

Treze

Os diferentes pesos:
Cada qual atrai o que lhe concebe.
Cabisbaixo, atingido, três pancadas,
Sorriso amarelo, cheio de rancor.

Teu saco não para em pé
E você já não tem significado.
Seus atributos caducaram
E o que sobrou não interessa.

Tchau! Adiós!
Vai pra longe, leva teu pensamento pra longe.
Encontre algo de bom, me exorcize,
Exorcize-se, gargalhe e ame seu espelho.

(09/10/2013 00:58)

sábado, janeiro 25, 2014

Brado

Quando desabo,
Atravesso o que quebra,
Desafio o desejado,
Permaneço descrente e intacto.

Adormeço em pensamento,
O que é real se descasca.
A pele, já calejada,
Silencia os segredos berrados.

Detesto a falsa pretensão
Daquele luto esperado, cansado, arrastado, atormentado...
Num dia tremo, na madrugada eu rio.
Já não caio mais nisso.

quinta-feira, outubro 03, 2013

Você

Já ancorado, preenche:
Satisfaz o inseparável,
Atesta o intrínseco,
Apropria numa verdade crua.

Coube ao tempo o encontro,
A permanência aflorada no bom,
Reciprocidade no silêncio,
Despertamos íntimos.

Declarado, declamado:
Vive comigo.

terça-feira, agosto 06, 2013

Inteiro

Acredito na tranquilidade do amor.
Na amizade que é inerente, talvez inevitável.
Acredito em declarações silenciosas,
De quando você me olha por horas e respondo "sim".

E nos teus abraços, que estampam meu corpo,
Nos teus beijos que carrego, cuidadoso.
Ah, acabo distraído em ti, naquele quarto de hotel...
Levo você em mim, cativo.

Quero o bom e o que tiver de ser ruim.
Quero o real, liberto das hipocrisias alheias.
Que os abutres padeçam, que os abutres padeçam, que os abutres padeçam.
Não os ofereço nem o que nos sobra.

terça-feira, junho 04, 2013

Dor

Vem escarlate, pousa em mim, devagar.
Rouba o silêncio, como um grito,
Que ecoa, que ecoa...
Vai descrente, como chegou.

Na surdina te tem,
E tu, tombado, alcança o que atenta.
Falhou, coitado, desperta e ri.
Engole o amargo, no seco, calado.

Disfarço, o acaso que é falso.
Teu ouro, lascado.
Eu de fato, não tardo, meu caro.
No escuro eu danço descalço.

domingo, maio 12, 2013

Todo

Te mantenho aqui, perto do que importa
E tu me leva, leve, pro teu descanso,
O mais íntimo, onde teus beijos silenciam o que inquieta.
Adormeço no teu sossego, agarrado no que me desperta.

Te observo infinito, me entrego todo.
Naquele cair da tarde, ébrio de ti, fui teu.
Sou teu agora e depois, até bem mais tarde.
Rendido, te/me convido a ficar.

Teu sorriso me desarma,
Meu corpo desmonta no teu sussurro,
Eu, vulnerável inteiro, alheio de tudo que não seja teu,
Caio por ti.

segunda-feira, abril 22, 2013

Prenda

Disfarço, sem sucesso,
O sorriso do quase,
Da iminência que culmina,
Quando teu olhar desvia, acanhado.

Da tua boca que beira na minha,
Do que só se sussurra no meio da noite,
De quando se quer o suficiente,
E se dança a mesma música.

O adridoce das pequenas inseguranças.
As poucas palavras que saciam.
Duvidar sem aptidão.
Tua presa, livre.

quarta-feira, abril 03, 2013

Retornar

Mesmo ao lado do que se quer,
A noite carrega a dúvida.
Desvencilha-se do que poderia ser,
Amarra o que tem em mãos.

Dois tragos e cambaleia,
Entrega o inerente, de cabeça baixa.
Um gole e caio,
Distraido, na tua incredulidade.

Os argumentos azedaram,
Por serem supérfluos.
Despeja tua agonia,
Engole o penar.

Volver

Sem duvidar, fechei os olhos.
O instinto me fez ficar.
O terceiro preenchia, sem afogar.
A tarde contemplava o incomum.

Observava, em silêncio, os dois.
Confundia o perfume de um,
No corpo do outro, despido.
As pernas emaranhadas, acorrentavam.

Com a hesitação esquecida,
A delicadeza de um, cativava
O outro me absorvia, brutal.
Eu? Sem saber ao certo, permanecia.

Retourner

Enquanto os desencontros nos separam,
Tu permeia em meu corpo.
Vagando solto, aqui e ali,
Divagando sobre as noites sem fim.

E, assim, vamos os dois, perambulando
Descalços, extasiados.
Em busca de dividir,
Deitados onde não se pode dormir.

Meu convite não perece,
Encontraremos o sussurro que nos defina,
A cama que sacia,
A madrugada que não carece.

segunda-feira, março 18, 2013

Vão

Nem todo segredo apetece.
Hoje ou depois, talvez um pouco antes,
O que te sugava, padece.
O vazio sempre arde.

A relatividade dos poucos minutos,
Deslizando no vermelho das noites sem sono,
Trazem o que não justifica os erros de ontem.
Calados, sutis e subjetivos.

Interpretações alheias não me pertecem.
A liberdade de escrever é cara.
Essas poucas palavras podem ser um subterfúgio calculado,
Como também fruto de devaneios bem pensados.

domingo, fevereiro 17, 2013

Soma

Mordeu a língua e desviou.
Escapuliu de olhos fechados.
Inflou o peito e na hora hesitou.
Confundido dentro de um reflexo.

Engrandece o que não colore,
Trava e engasga no que fere.
Uma penitência encenada,
Interpretada a partir do que sobra, não do que falta.

Retrata e imprime, dormente.
Descasca o que ainda sara,
Despeja o nada no que exige excesso,
Costura desejos silenciados.

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Euforia

Inerte, te percebo veloz.
Desencontro e já te guardo, por semanas.
No mesmo minuto, ao acaso, te repito.
Aceito o paradigma e crio nossa alegoria.

A metáfora de uma vontade unilateral,
O silêncio de duas trocas de olhares,
E a possibilidade de uma dúvida,
Margeiam e abordam o que dormia.

O que desperta, fecha os olhos.
Tua indiferença me apetece.
Cobiço te pertencer,
Anseio me perder (em ti).

sexta-feira, novembro 30, 2012

Desperto

Desengasga e se despedaça.
Nesse jogo, já perdido,
Silencia e ameaça.
Se veste ao fim do dia.

No baile o sorriso é obrigatório.
Desenganos, entre um gole e outro.
Permanecemos nos cantos opostos,
Mas a menor distância é sempre uma reta.

Duramos o tempo de um silêncio confortável.
Da intimidade que ainda é saudável.
Antes que a tarde virasse noite,
Antes que o vinho avinagrasse.

terça-feira, novembro 27, 2012

Au revoir

Quando te nego, me entrego.
Depois de tudo, me confesso.
Ébrio, na cama, me deserdo.
O nosso tempo caducou.

Mas saiba que te quero, ainda longe.
Que minha cama ainda é tua,
Que teu cheiro ainda pertence ao meu corpo.
Meu sorriso mais sincero é uma resposta ao teu.

Despenco forte no chão,
Te dei dois dias de lágrimas.
O corpo todo dói,
Todavia o mar é maior.

Te deixo meu pequeno,
Te prometo um último olhar,
Uma última garrafa de vinho
E minha eterna vontade.

quarta-feira, novembro 07, 2012

Bem

Quando o calendário está atento
Programamos as duas próximas horas,
Mas o despertar sempre é atrasado.
E perdemos mais 15 minutos apenas nos olhando.

Depois do nosso mês,
Das promessas, dos prazos,
Estamos aqui, tua mão segurando a minha,
Discutindo sobre qual vinho escolher.

Onde dormir, que café, que livro...
Todas as coisas que deviam me preocupar me distraem.
Poderia estar em nossa cama todos os dias.
Escutando tuas histórias, rindo das desilusões de outrora.

"Vou voltar para você"
Voltou, ficou, aqui está...
O que fazer dos próximos minutos?
Desculpa por te ensinar o que é saudade.

segunda-feira, novembro 05, 2012

Solto

Vou te levar daqui,
Meu corpo já não é completo.
Adormeço tranquilo na tua cama
Porque é tua música que me faz dançar.

Quando faz frio minhas palavras te buscam,
Nos encaixamos fácil.
A madrugada silenciosa nos diz a verdade
E aceitamos nossa prioridade.

Teus braços que calam às dúvidas,
Tuas roupas espalhadas pela casa...
Me delicio dos teus doces
Na deriva do relógio que nos devora.

Quando penso ser sufiente,
Escrevemos outra tarde,
Não existem preferências,
Caminhamos livres nos beijos que nos trouxeram até aqui.

sábado, novembro 03, 2012

Frio

Quando tu me escreve duas ou três palavras
E sinto tua falta na menor ausência
Te entrego o que me resta,
Te dou as chaves, o melhor cobertor, um chá no final da tarde.

Na minha mente tu encharca.
Quero te fazer perceber
Que nunca é suficiente, o tanto que me importa,
Que tu entenda o quanto te pertenço.

Que os dias não são tão bonitos sem você
E que quando eu fecho os olhos, tu vem.
Que ver teu sorriso me completa,
E que toda despedida me silencia.

E que as palavras nunca ditas, aqui estão:
Te amo, sou teu e te espero.

quinta-feira, outubro 18, 2012

Entreaberto

Já não nos importa o não dito,
Nossos corpos comprovam o que nos urge.
Desabotoamos, aos poucos, as relutâncias.
Desabafamos nosso ciúme num silêncio ensurdecedor.

Quando já quase não se pode ver, tu se mostra.
Atiça, mas balbucia quando já estamos a pouca distância.
Renega, se afasta, mas sussurra as vontades que gritam.
Sei que, quando longe, nossos pensamentos se encontram.

Já sei que o tempo nos apressa, que os quilômetros limitam,
Mas sei que, lá pelo anoitecer,
Nos debruçaremos sobre nosso sofá,
Rindo do tempo em que te escrevia esse poema.

quarta-feira, outubro 17, 2012

Três

Encontrei em dois, o que procurava pelo entardecer.
Despretencioso, audaz, atirou e me derrubou de primeira.
Na segunda ceveja, conheci a terceira metade
E seu sorriso me levou de lá.

Enquanto discutíamos sobre poemas não escritos,
Mesclávamos nossos sabores, tão diferentes,
Uma tripla dose de euforia, que parece letal.
Nos despimos das regras impostas e fomos um.

É que eu me perco em ti...
Em teus cabelos, caídos sobre meu rosto,
Quando te olho em silêncio, confessando que quero ficar mais,
Que vou preparar teu café todos os dias.

E me encontro em ti...
Em teu corpo que me contém, me abrangendo,
Quando tu me ensina sossego, ao redor de tanto desapego.

Enquanto me cobriam de flores, me abstraí.
Deixei que o dia acabasse,
Tranquei as portas de outrora
E recebi duas novas chaves.

quarta-feira, agosto 08, 2012

X

Ainda que não seja tão real,
Me soa tão bonito quando digo em voz alta.
Quando compartíamos uma xícara de café,
Quando era nosso cigarro.

E a gente deslizada nos dias,
Te prendia livre,
Te perseguia nas poucas paredes,
E só a gente sabe.

Quando desperto sem ti,
Ainda no meu canto da cama,
Lembro do que talvez nunca tenho existido,
Do que não se pode "olvidar".

quarta-feira, agosto 01, 2012

Estímulo

Quando eu vejo teu cabelo bagunçado,
A cara de sono reclamando da luz que se excede,
Que, aos poucos, vai dando espaço pra esse sorriso...
É aí eu me perco, me desoriento, esqueço e já sou teu.

Ainda caio nessas tuas armadilhas,
Mesmo de tão longe tu ainda me acorrenta,
Incitando meu corpo a te querer.
E me conta dos planos de fuga, tentando me convencer de eu ser o motivo para tal.

Promete chegar antes da hora,
Fazer surpresa no nosso rotineiro cair de tarde,
Me servir do seu vinho todos os dias,
Me fazer confundir as horas e me perder nas madrugadas.

segunda-feira, julho 23, 2012

Bom

Os olhos pesados confirmam,
A boca que quase revela,
O corpo todo instigado pela ânsia,
Tudo deságua nas madrugadas silênciosas.

É que, estando ao seu lado,
Me vem a solidão do outro dia,
Que substitui a falta do último mês,
Mais ou menos metade da saudade da próxima semana.

Nos teus abraços sinto o cheiro do outro,
Que me arrepiava a pele, sussurando grosserias.
Ou do último que me fez esquecer de todos por três dias e meio.
Sempre há um quarto livre.

Por mais cinco dias me permiti não te ter mais,
Deixei as portas abertas, fechei as cortinas.
Mudei os móveis de lugar,
Mas de vez em quando ainda tropeço no teu sorriso.

domingo, julho 01, 2012

Escada

Deitado na nossa madrugada
Me entrego todo,
Quando a TV estiver muda,
Meu corpo arrepia.

Tu é dono, só você.
Quando teus lábios me perseguem, me entrego.
E, não importa quando nossa música tocar,
Eu te trago aqui.

Quando o sol aparecer, eu te prendo,
Com nossas correntes imateriais.
Te encharco de vontade,
Te levo ao nosso, só nosso, lugar.

E lá eu deixo você ser quem você quiser.

terça-feira, junho 26, 2012

Desatar

No segundo dia, às cinco,
Caímos num silêncio quase ensaiado.
Dividíamos o sofá, um café.
E, de vez em quando, balbuciávamos a mesma canção.

Gostava de como teus lábios quase tocavam os meus,
De quando sussurrava tuas premissas,
Das nossas pernas confundidas,
Do teu gosto.

A verdade é que nada poderia nos desviar,
Nossos motivos são os mesmos.
Permito-me ser teu,
Enquanto dividimos o mesmo amanhecer.

terça-feira, maio 22, 2012

É

Te peço mais um gole,
Negocio nossa noite.
Dentre tantas doses,
A verdade salta.

As palavras exagereram,
A voz não enaltece o real sentido.
Barganhas meu silêncio,
Pela dor do que se há para ouvir.

Despejo litros de sentimento,
Me arrasto até você.
Persuadido pelo ímpeto das três da madrugada,
Revelo o que não é segredo.

segunda-feira, maio 07, 2012

Faísca

Na tarde de hoje, quando nos abraçamos,
Seguindo caminhos tão distintos,
Lembrei daquela noite que, quando ainda distantes,
Eu te pertenci e só você sabe.

De como burlávamos os sentidos,
Injetando ilusões nos nossos corpos.
Enganando o óbvio, te embebedava de indiretas,
Você desviava, mas teu olhar estava preso a mim.

Quando não controlávamos as vontades,
Quando conversávamos horas nas madrugadas,
Contando dos desencontros e dos motivos pelos quais estávamos longe,
Assim a madrugada seguia, com as promessas de encontros, até hoje...

Hoje, dividindo um café e trocando tragos do teu cigarro,
Teu olhar me encabulava, depois de tanto.
Como se tivéssemos 17 minutos para (re)viver tudo:
o beijo que habita nossa vontade, o toque da tua pele que nos ascendeu.


quarta-feira, abril 18, 2012

Reticências

No começo da tarde, quando despertamos,
Ainda confundindo as lembranças da noite passada,
Tu me abraça, calado, sussurando teus segredos.
Te respondo com um beijo, antes que nos desprendêssemos.

Assim, nos vamos, leves...
Buscando mais tempo, atrasando os relógios.
Quando as palavras ditas permanecem pairando no ar,
Nos convencemos de ficarmos uma ou duas horas mais.

Quebramos as fechaduras, nos entregando.
Como uma folha em branco, nos pintamos como queremos,
Desenhando desejos e dissimulando as vontades.
Bebendo da garrafa do efêmero, ébrios de possibilidades vazias.

Fomos, naquela última noite
Fingindo despertarmos juntos,
Enganando nossos corpos, que ardiam,
Naquele enlace que custou a se quebrar.

terça-feira, março 13, 2012

Noite

Quando o frio encharcou nosso quarto de silêncio
Eu absorvia teu corpo, escutava tua vontade.
Você me mapeava, de forma descuidada.
Quando as luzes se apagaram pude te ver.

Teu corpo cansado buscava mais,
E eu te tinha ali, no chão,
Acolhido pela penumbra que nos restava.
Teus olhos fechados, dois ou três sussurros.

Nos distanciávamos com o amanhecer,
Desviando o olhar, nos vestíamos.
O corpo aos poucos recuperava os sentidos,
Não deixando espaço para nenhuma palavra.

Teu sorriso me convidava,
As horas não nos permitiam.
Te vi descendo as escadas,
Na minha cabeça tua voz ecoava.

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Esvair

Não sei se o que sinto vai se diluir com o tempo.
Se vai mudar, diminuir ou crescer.
Aparentemente permanece intacto,
Desprezando o físico, o tempo e o curso dos dias.

Involuntariamente vou repelindo possibilidades.
Os outros não têm o mesmo.
Aquela canção insiste em tocar aleatoriamente,
Nos dias certos.

O que tenho parece suficiente, ao menos por esses dias.
Saber o que se sente não implica em saber como lidar.
Todos sabemos o que vemos quando fechamos os olhos,
Ao abri-los talvez não saibamos para onde olhar.

O entardecer me carrega...
A noite me prende, espero pelo púrpura da madrugada...
Vamos caminhando juntos, em pensamento.
É quase um romance.

terça-feira, janeiro 17, 2012

Querer

Quando os gigantes viram pequenos pontos,
Podemos discernir seus verdadeiros tamanhos.
E nisso vamos acumulando momentos, nos quais,
Mesmo rodeado de tantos, ansiamos pelos nossos.

Nesses poucos dias, percebo o que me leva,
O que dá vontade de ter mais, de viver mais.
Colecionar memórias, melodias e entardeceres.
Ser encantado por outros e aos poucos encantar.

Deixar palavras soltas, palavras nunca ditas,
Outras nunca ouvidas...
Se perder dentre tantas cores, tantos reflexos.
Guardar um ou outro dia trivial.

Cuidar e catalogar tudo, que é tanto...
Tentar lhes trazer para onde eu estive,
Lhes sussurar o barulho daquele dia silencioso,
Lembrar que mesmo longe, estivemos juntos por aí.

quinta-feira, dezembro 08, 2011

Beira

Na inconsequência nos desprendemos.
Voltamos e fomos aos nossos dias,
Relembrando pra criar um momento, nosso.
Persuadidos pelo o que não se tem.

Te incito a provar do mesmo gosto,
Você provoca, balbuciando duas ou três palavras vulgares,
Me conduzindo, arrastado, ao nosso entrelace.
Dividindo incertezas, nos rendemos.

Vão ser nesses dias que nos reencontraremos,
Quando estivermos sorrateiros,
Na calada de uma tarde qualquer,
Quando/Se a vontade passar.

sexta-feira, novembro 18, 2011

Três

Pode-se dizer descontruído, talvez.
Entregue a si mesmo, destemido.
Desnudo, defronte ao espelho,
Encarando o seu reflexo, ainda embassado.

Dissolvido em palavras,
Que, por tanto guardadas,
Carregavam em si a dureza de outros dias,
Os passos tortos que demos por aí.

Tentando encontrar ali
Aquele teu sorriso, tua vontade,
Teu andar desinibido, cheio de si.
Tua naturalidade que hoje é encenação.

Todos fraquejamos.
Hoje, amanhã ou ontem.
Deixamos-nos ser invadidos pelo erro.
Encantados pelas distrações de uma fuga facilitada.

Fingir, especular, denegrir...
Tentando, da mesma forma, escapulir.
Quanta tolice, devaneios.
Não se pode fugir de si mesmo.

quinta-feira, outubro 27, 2011

Deixo

Tanto esperei, em vão...
Esqueci de quem era a razão,
Para te ter mais perto,
Para deixar passar.

Não se afunde tanto,
Nem force o clichê.
Desafogue suas mágoas,
Abra os olhos e descarregue.

Você não sabe, finge.
Num ímpeto, se infla,
Em cima de pernas bambas.
Exasperado por si só.

Não me tentes com estes teus olhos,
Cansei do mesmo, infelizmente.
Do teu texto ensaiado, encharcado...
Silencia meus erros e escute os seus.

sexta-feira, outubro 14, 2011

Teu

Desfaço-me dos pudores que restaram e,
Esparramado dentre o silêncio vespertino,
Deixo você entrar.
Arrasto, pausadamente, por todo o corpo.

Sinto teus sussurros no pescoço
Tentando me convencer a ficar mais,
Te trago mais perto, te envergonhando sutilmente.
Você fecha os olhos e nos perdemos.

Caminhamos, ensaiados, ao nossos picos
Donde saltamos leves, desprovidos de tanto...
No escuro só pertenço a ti,
Entrelaçado, sem amarras.

Estendo minha vontade,
Admito teus dias errados.
Aqui estou eu,
Para você.

terça-feira, outubro 04, 2011

Antes

Quando somente um olhar me desmontava,
E eu ia pertencendo aos teus braços.
Tudo se engrandecia misturado ao mais ingênuo sentimento,
Me entregava à grandiosidade dos finais de tarde.

Talvez embalado pelos poetas, pelas melodias...
Por poder me despir inteiro para você,
Ir experimentando tuas nuances.
Por confabular impossibilidades.

A ilegalidade dos nossos encontros,
Legitimada pela minha doce inconsequência,
Temperava no coração, aquele grande amor,
Quando se clamava pela dor de amar.

"Deixo que as águas invadam meu rosto"
E eu ia me perdendo, naquele frio jamais experimentado
Supondo tanto, querendo...
Era só aquilo.

Guardado como devia.
Um dos capítulos mais bonitos,
Onde tivemos o necessário,
Para que, ainda hoje, você esteja nessas palavras.

sexta-feira, setembro 09, 2011

Descoberto

Queria te levar daqui,
Fugir de tantos olhos...
Deitar debaixo de uma árvore,
Te tragar em mim.

Nos esconder no escuro,
Onde eu possa mapear teu corpo,
Traçar minhas trilhas,
Me perder e por lá ficar.

Observar teu despertar,
Saciar tua fome.
Desfazer a mala uma única vez,
Me entregar inteiro.

Depois de tanto, deixar alguém segurar minha mão,
Caminhar de pés descalços,
Sussurrando vontades no teu ouvido,
Trançar tuas pernas nas minhas.

Te observar, sem graça,
Desviando o olhar.
Deslizar entre teus cabelos bagunçados,
Sentir teu corpo estremecer.

Te deixar ficar,
Enraizado em mim,
Colorindo, embalando as noites.
Partamos...

quarta-feira, agosto 31, 2011

Movediço

Eu acabo assim, fugindo de mim mesmo.
Do que muitas vezes me levo a supor,
Desse ou daquele detalhe, que cresce repentino,
Despercebido por qualquer outro.

É que, quando você chega perto,
Os disfarces se desarmam,
Meu pensamento desorienta.
Clamo por te ter em mim.

Tento não afundar nessa vontade,
Nesse teu olhar dúbio,
Do teu cheiro impregnado nos lençóis
Naquele fim de tarde...

Quanto mais me afasto, tu me vem,
Despretensioso, com os passos ensaiados.
Me esquivo da tua pele,
Desses teus encantos.

Nessa incerteza, vou confundindo os dias, nas noites.
Vou relendo todos teus sorrisos,
Lembrando dos teus convites,
Sucumbindo diante de ti.

quinta-feira, agosto 18, 2011

Talvez

Quem sabe, estejamos confundindo,
Misturando tantas coisas...
Tu me chega todos os dias,
Já suponho possibilidades.

É uma expectativa que não cala.
Ignoro os sinais para te ter mais perto,
Tu me chama, inconsciente de tudo.
Eu vou, sabendo o que me espera.

Os avisos ecoam e eu continuo,
Nessa intenção, despretensiosa,
Eu fico, te observando entre tantos...
É esse teu sorriso.

Não entendo porque me buscas,
E, quando me convenço do contrário, você vem.
Incessantemente, perturbar a calmaria.
Continuo me entregando.

sexta-feira, agosto 05, 2011

Vou

Acordei lembrando das nossas fugas,
De como os confundíamos...
Um sorriso no canto da tua boca
Era o bastante para nos perseguirmos.

Como maquiávamos as vontades...
Por acaso eu te encontrava por aí,
Você driblava tantos e parava ao meu lado.
Burlávamos tantos sentimentos.

Dos poucos beijos,
Ainda prefiro o que está por vir...
Eu ainda percebo como teu olhar me segue,
Você sabe que minha pele ainda procura a tua.

É mais fácil resistir a tanta coisa,
Enganar qualquer libido,
Fingir qualquer atração,
Do que negar esse querer que arde.

domingo, julho 31, 2011

Domingo

Acordo num súbito.
Procurando-te aqui,
Me encontro noutro caminho.
Escrevendo cartas a você, adormeço.

Nos devaneios matutinos confundo teus rostos
E me pergunto quanto tempo ainda nos resta.
O corpo exausto de tanto correr,
Clama por um intervalo.

Tudo se baseia nessa fuga infundada.
O tempo vai nos diluindo,
Deixando para trás o escarlate de outrora,
Vamos nos privando.

segunda-feira, julho 18, 2011

Chuva

Estava ali em silêncio,
Esperando que, talvez, você lembrasse
De todos os planos,
Dissolvidos numa despedida intermitente.

Nada foi dito.
Seu olhar é que ainda foge do meu
Qualquer aproximação seria exagero,
O que nos cabe é a distância.

Na minha pele ainda estão resquícios
Das tuas tintas e das inseguranças,
Das mentiras que o vento já levou,
Do que, hoje, não significa o mesmo.

Que culpa temos de ter amado tanto?
De nos perder nesse sentimento?
Deixemos que as lembranças fiquem,
Afinal, é só o que resta de nós dois.

segunda-feira, junho 27, 2011

Convite

Fica mais um pouco.
O tempo que der pra eu conhecer tuas cores,
Aproveitar esse teu sorriso bonito,
Tentar trocar duas ou três palavras.

Deixa eu tentar te encantar,
Te levar um pouco pra longe,
Descobrir o que te faz chorar,
Bisbilhotar teus desejos.

Me conta uma idéia que deu certo.
Não vou me incomodar se você sorrir um pouco mais.
Se tiver sorte, posso até segurar tua mão
Ou olhar no teu olho, em silêncio.

Deixa eu me aproximar
Me permita chegar mais perto,
Te fazer sorrir.

Ah, que sorriso...

sexta-feira, junho 24, 2011

Madrugada

Dentre tantas sombras,
Me encanta tua luz
Discreta, que rasteja devagar,
Sublime, mas pontual.

Como uma metáfora pronta
Me enche a cabeça,
Sejam pelos romances embriagados
Ou pela saudade que dá calafrio.

Me apaixono pela sua cor de desejo
Dentre tantos perdidos, confundidos pela sua lábia,
Temos aqui, você:
A amante que dá e que tira.

segunda-feira, junho 13, 2011

Vírgula

Entrego-me aqui.
Não sei mais por onde ir
E, mesmo facilitar, atrapalha.
Noite confusa.

Duas ou três palavras,
Ciúme infundado.
Do que quase tivera
Durante algumas mentiras.

Não pretendo continuar aqui.
Muitas verdades não existem mais.
Uma reclusão parece mais atraente.
O costume se perdeu.

As certezas se quebraram,
Tudo o que me resta são dúvidas.
Deitem nas suas vergonhas.
O amanhã não garante nada.

quarta-feira, junho 08, 2011

Segredo

Termino o dia digerindo meus medos,
Perguntando-me quanto vai durar,
Se o vento vai carregá-los,
Se devo continuar...

Queria você aqui,
Para fingir que tudo corre bem,
Apagar os detalhes omitidos,
Acordar ao lado do que não se tem.

Nos iludimos conscientes,
Direcionados a fechar as portas
Que, entreabertas, só confundem
Lentamente, elas se perdem.

Percorremos as noites
Tentando, em vão, vencê-las
Carregando as memórias nos bolsos
Sorrindo, entre lágrimas, do nosso amor.

Somos só eu e você.
Todos esqueceram do que importa,
Tentam nos afogar numa falsa realidade
Nos acorrentando aos valores errados.

Mas eu sei o que nos prende:
Nós sabemos a verdade.
Que, nunca nos foi contada.
Um final é incoerente.

Não se perca na distância
Não se permita duvidar.
Eu me faço teu
Da forma mais bonita que há.