terça-feira, abril 27, 2010

Imaculado

Permaneço numa fuga ensaiada,
Um querer não ter perto, por estar longe.
Fazendo com que as vontades se percam,
A razão tem que se fazer maior
Ao mesmo tempo que o sentimento transborda.

O julgamento precipitado cabe na hipocrisia de cada um.
Tantos caminhos para o mesmo fim,
As palavras acabaram,
Junto com argumentos, justificativas e afins.

Torna-se quase como uma penitência.
Um caminho longo.
Que leva, ao menos imagina-se,
Para um lugar melhor.

Espera-se que cada um encene um papel.
Mas é vida real,
Não há heróis e vilões.
Há responsabilidade
E cada qual com a sua.

Não há espaço para se apontar dedos,
As decisões tem sempre um precedente.
Um motivo, por mais infundado que seja.

Reservo-me ao direito de permanecer assim,
Até que, se nos encontrarmos,
Um segundo capítulo será escrito.
Enquanto isso, o amor fica assim...

quinta-feira, abril 01, 2010

Antônio

Me peguei pensando em você
Naquela manhã, o céu nublado
A porta aberta,
Você me olhando

Queria te abraçar
Te contar meus sonhos
Saber dos teus
Andar por aí,
Tomar um café

Imagino teus cabelos já grisalhos
As primeiras rugas,
Mas o mesmo olhar,
A mesma força

Que saudade...
Minha inocência me fez perder detalhes
Não lembro das tuas músicas,
Dos teus gostos, do teu cheiro...

Te conheci pelas lembranças alheias
Pela saudade de todos
Por todo o sentimento que você espalhou
E que ainda está aqui

Ainda assim, eu lembro:
Naquela manhã, o céu nublado
A porta aberta,
Você me olhando.

Isso já me basta
Me faz te sentir aqui
Ao meu lado, me olhando.