quinta-feira, outubro 18, 2012

Entreaberto

Já não nos importa o não dito,
Nossos corpos comprovam o que nos urge.
Desabotoamos, aos poucos, as relutâncias.
Desabafamos nosso ciúme num silêncio ensurdecedor.

Quando já quase não se pode ver, tu se mostra.
Atiça, mas balbucia quando já estamos a pouca distância.
Renega, se afasta, mas sussurra as vontades que gritam.
Sei que, quando longe, nossos pensamentos se encontram.

Já sei que o tempo nos apressa, que os quilômetros limitam,
Mas sei que, lá pelo anoitecer,
Nos debruçaremos sobre nosso sofá,
Rindo do tempo em que te escrevia esse poema.

quarta-feira, outubro 17, 2012

Três

Encontrei em dois, o que procurava pelo entardecer.
Despretencioso, audaz, atirou e me derrubou de primeira.
Na segunda ceveja, conheci a terceira metade
E seu sorriso me levou de lá.

Enquanto discutíamos sobre poemas não escritos,
Mesclávamos nossos sabores, tão diferentes,
Uma tripla dose de euforia, que parece letal.
Nos despimos das regras impostas e fomos um.

É que eu me perco em ti...
Em teus cabelos, caídos sobre meu rosto,
Quando te olho em silêncio, confessando que quero ficar mais,
Que vou preparar teu café todos os dias.

E me encontro em ti...
Em teu corpo que me contém, me abrangendo,
Quando tu me ensina sossego, ao redor de tanto desapego.

Enquanto me cobriam de flores, me abstraí.
Deixei que o dia acabasse,
Tranquei as portas de outrora
E recebi duas novas chaves.