quinta-feira, dezembro 08, 2011

Beira

Na inconsequência nos desprendemos.
Voltamos e fomos aos nossos dias,
Relembrando pra criar um momento, nosso.
Persuadidos pelo o que não se tem.

Te incito a provar do mesmo gosto,
Você provoca, balbuciando duas ou três palavras vulgares,
Me conduzindo, arrastado, ao nosso entrelace.
Dividindo incertezas, nos rendemos.

Vão ser nesses dias que nos reencontraremos,
Quando estivermos sorrateiros,
Na calada de uma tarde qualquer,
Quando/Se a vontade passar.

sexta-feira, novembro 18, 2011

Três

Pode-se dizer descontruído, talvez.
Entregue a si mesmo, destemido.
Desnudo, defronte ao espelho,
Encarando o seu reflexo, ainda embassado.

Dissolvido em palavras,
Que, por tanto guardadas,
Carregavam em si a dureza de outros dias,
Os passos tortos que demos por aí.

Tentando encontrar ali
Aquele teu sorriso, tua vontade,
Teu andar desinibido, cheio de si.
Tua naturalidade que hoje é encenação.

Todos fraquejamos.
Hoje, amanhã ou ontem.
Deixamos-nos ser invadidos pelo erro.
Encantados pelas distrações de uma fuga facilitada.

Fingir, especular, denegrir...
Tentando, da mesma forma, escapulir.
Quanta tolice, devaneios.
Não se pode fugir de si mesmo.

quinta-feira, outubro 27, 2011

Deixo

Tanto esperei, em vão...
Esqueci de quem era a razão,
Para te ter mais perto,
Para deixar passar.

Não se afunde tanto,
Nem force o clichê.
Desafogue suas mágoas,
Abra os olhos e descarregue.

Você não sabe, finge.
Num ímpeto, se infla,
Em cima de pernas bambas.
Exasperado por si só.

Não me tentes com estes teus olhos,
Cansei do mesmo, infelizmente.
Do teu texto ensaiado, encharcado...
Silencia meus erros e escute os seus.

sexta-feira, outubro 14, 2011

Teu

Desfaço-me dos pudores que restaram e,
Esparramado dentre o silêncio vespertino,
Deixo você entrar.
Arrasto, pausadamente, por todo o corpo.

Sinto teus sussurros no pescoço
Tentando me convencer a ficar mais,
Te trago mais perto, te envergonhando sutilmente.
Você fecha os olhos e nos perdemos.

Caminhamos, ensaiados, ao nossos picos
Donde saltamos leves, desprovidos de tanto...
No escuro só pertenço a ti,
Entrelaçado, sem amarras.

Estendo minha vontade,
Admito teus dias errados.
Aqui estou eu,
Para você.

terça-feira, outubro 04, 2011

Antes

Quando somente um olhar me desmontava,
E eu ia pertencendo aos teus braços.
Tudo se engrandecia misturado ao mais ingênuo sentimento,
Me entregava à grandiosidade dos finais de tarde.

Talvez embalado pelos poetas, pelas melodias...
Por poder me despir inteiro para você,
Ir experimentando tuas nuances.
Por confabular impossibilidades.

A ilegalidade dos nossos encontros,
Legitimada pela minha doce inconsequência,
Temperava no coração, aquele grande amor,
Quando se clamava pela dor de amar.

"Deixo que as águas invadam meu rosto"
E eu ia me perdendo, naquele frio jamais experimentado
Supondo tanto, querendo...
Era só aquilo.

Guardado como devia.
Um dos capítulos mais bonitos,
Onde tivemos o necessário,
Para que, ainda hoje, você esteja nessas palavras.

sexta-feira, setembro 09, 2011

Descoberto

Queria te levar daqui,
Fugir de tantos olhos...
Deitar debaixo de uma árvore,
Te tragar em mim.

Nos esconder no escuro,
Onde eu possa mapear teu corpo,
Traçar minhas trilhas,
Me perder e por lá ficar.

Observar teu despertar,
Saciar tua fome.
Desfazer a mala uma única vez,
Me entregar inteiro.

Depois de tanto, deixar alguém segurar minha mão,
Caminhar de pés descalços,
Sussurrando vontades no teu ouvido,
Trançar tuas pernas nas minhas.

Te observar, sem graça,
Desviando o olhar.
Deslizar entre teus cabelos bagunçados,
Sentir teu corpo estremecer.

Te deixar ficar,
Enraizado em mim,
Colorindo, embalando as noites.
Partamos...

quarta-feira, agosto 31, 2011

Movediço

Eu acabo assim, fugindo de mim mesmo.
Do que muitas vezes me levo a supor,
Desse ou daquele detalhe, que cresce repentino,
Despercebido por qualquer outro.

É que, quando você chega perto,
Os disfarces se desarmam,
Meu pensamento desorienta.
Clamo por te ter em mim.

Tento não afundar nessa vontade,
Nesse teu olhar dúbio,
Do teu cheiro impregnado nos lençóis
Naquele fim de tarde...

Quanto mais me afasto, tu me vem,
Despretensioso, com os passos ensaiados.
Me esquivo da tua pele,
Desses teus encantos.

Nessa incerteza, vou confundindo os dias, nas noites.
Vou relendo todos teus sorrisos,
Lembrando dos teus convites,
Sucumbindo diante de ti.

quinta-feira, agosto 18, 2011

Talvez

Quem sabe, estejamos confundindo,
Misturando tantas coisas...
Tu me chega todos os dias,
Já suponho possibilidades.

É uma expectativa que não cala.
Ignoro os sinais para te ter mais perto,
Tu me chama, inconsciente de tudo.
Eu vou, sabendo o que me espera.

Os avisos ecoam e eu continuo,
Nessa intenção, despretensiosa,
Eu fico, te observando entre tantos...
É esse teu sorriso.

Não entendo porque me buscas,
E, quando me convenço do contrário, você vem.
Incessantemente, perturbar a calmaria.
Continuo me entregando.

sexta-feira, agosto 05, 2011

Vou

Acordei lembrando das nossas fugas,
De como os confundíamos...
Um sorriso no canto da tua boca
Era o bastante para nos perseguirmos.

Como maquiávamos as vontades...
Por acaso eu te encontrava por aí,
Você driblava tantos e parava ao meu lado.
Burlávamos tantos sentimentos.

Dos poucos beijos,
Ainda prefiro o que está por vir...
Eu ainda percebo como teu olhar me segue,
Você sabe que minha pele ainda procura a tua.

É mais fácil resistir a tanta coisa,
Enganar qualquer libido,
Fingir qualquer atração,
Do que negar esse querer que arde.

domingo, julho 31, 2011

Domingo

Acordo num súbito.
Procurando-te aqui,
Me encontro noutro caminho.
Escrevendo cartas a você, adormeço.

Nos devaneios matutinos confundo teus rostos
E me pergunto quanto tempo ainda nos resta.
O corpo exausto de tanto correr,
Clama por um intervalo.

Tudo se baseia nessa fuga infundada.
O tempo vai nos diluindo,
Deixando para trás o escarlate de outrora,
Vamos nos privando.

segunda-feira, julho 18, 2011

Chuva

Estava ali em silêncio,
Esperando que, talvez, você lembrasse
De todos os planos,
Dissolvidos numa despedida intermitente.

Nada foi dito.
Seu olhar é que ainda foge do meu
Qualquer aproximação seria exagero,
O que nos cabe é a distância.

Na minha pele ainda estão resquícios
Das tuas tintas e das inseguranças,
Das mentiras que o vento já levou,
Do que, hoje, não significa o mesmo.

Que culpa temos de ter amado tanto?
De nos perder nesse sentimento?
Deixemos que as lembranças fiquem,
Afinal, é só o que resta de nós dois.

segunda-feira, junho 27, 2011

Convite

Fica mais um pouco.
O tempo que der pra eu conhecer tuas cores,
Aproveitar esse teu sorriso bonito,
Tentar trocar duas ou três palavras.

Deixa eu tentar te encantar,
Te levar um pouco pra longe,
Descobrir o que te faz chorar,
Bisbilhotar teus desejos.

Me conta uma idéia que deu certo.
Não vou me incomodar se você sorrir um pouco mais.
Se tiver sorte, posso até segurar tua mão
Ou olhar no teu olho, em silêncio.

Deixa eu me aproximar
Me permita chegar mais perto,
Te fazer sorrir.

Ah, que sorriso...

sexta-feira, junho 24, 2011

Madrugada

Dentre tantas sombras,
Me encanta tua luz
Discreta, que rasteja devagar,
Sublime, mas pontual.

Como uma metáfora pronta
Me enche a cabeça,
Sejam pelos romances embriagados
Ou pela saudade que dá calafrio.

Me apaixono pela sua cor de desejo
Dentre tantos perdidos, confundidos pela sua lábia,
Temos aqui, você:
A amante que dá e que tira.

segunda-feira, junho 13, 2011

Vírgula

Entrego-me aqui.
Não sei mais por onde ir
E, mesmo facilitar, atrapalha.
Noite confusa.

Duas ou três palavras,
Ciúme infundado.
Do que quase tivera
Durante algumas mentiras.

Não pretendo continuar aqui.
Muitas verdades não existem mais.
Uma reclusão parece mais atraente.
O costume se perdeu.

As certezas se quebraram,
Tudo o que me resta são dúvidas.
Deitem nas suas vergonhas.
O amanhã não garante nada.

quarta-feira, junho 08, 2011

Segredo

Termino o dia digerindo meus medos,
Perguntando-me quanto vai durar,
Se o vento vai carregá-los,
Se devo continuar...

Queria você aqui,
Para fingir que tudo corre bem,
Apagar os detalhes omitidos,
Acordar ao lado do que não se tem.

Nos iludimos conscientes,
Direcionados a fechar as portas
Que, entreabertas, só confundem
Lentamente, elas se perdem.

Percorremos as noites
Tentando, em vão, vencê-las
Carregando as memórias nos bolsos
Sorrindo, entre lágrimas, do nosso amor.

Somos só eu e você.
Todos esqueceram do que importa,
Tentam nos afogar numa falsa realidade
Nos acorrentando aos valores errados.

Mas eu sei o que nos prende:
Nós sabemos a verdade.
Que, nunca nos foi contada.
Um final é incoerente.

Não se perca na distância
Não se permita duvidar.
Eu me faço teu
Da forma mais bonita que há.

domingo, junho 05, 2011

Todo

O vento deslizando no rosto,
Os olhos fechados e o pensamento longe.
Sopro daqueles dias que já foram...
Perdido no insistente silêncio.

Nos encontramos no erro,
Naquela faísca que persiste,
Nas vontades arrancadas...
Dissolvidos numa dúvida.

Procuramos o que é incerto
Para confundir as certezas,
Embebedar-nos de vontades
Num baque pausado.

Na nossa despedida diária
Renovamos os votos,
Reafirmamos o sentimento
E tudo recomeça.

terça-feira, maio 24, 2011

Amor Nº1

O amor, ou o que pensamos ser,
Confunde, atordoa e suga
De uma forma sorrateira,
Mas longe de ser discreta.

Planta uma semente,
Que, rapidamente,
cria raizes fortes
E que é regada por motivos ainda desconhecidos.

Sem aviso, nos floresce
O coração que palpita, a pele arrepia,
A cabeça se distrai,
Os pensamentos se perdem.

Os sorrisos se fazem mais presentes,
As lágrimas também, por que não?
O mundo vira um clichê romântico
Os dias ficam mais bonitos.

Exageros à parte,
Escrevo hoje aos meus amados,
Nessa tarde, onde sozinho,
Sinto vocês aqui.

Essa eterna vontade de ter perto,
Seja para falar dos desamores
Ou apenas para ficar em silêncio,
Quando tudo é dito apenas no olhar.

Aos meus queridos amigos,
Agradeço pelas doses diárias,
Pelos momentos passados e futuros,
Pela reciprocidade,
Por termos cruzado os mesmos caminhos.

quarta-feira, maio 18, 2011

Breve

Deter a sofreguidão de te trazer até aqui,
Admitir que os fatos distraem das vontades.
Acima de tudo que pensamos saber,
Existem paredes que nos impossibilitam.

Talvez ainda estejamos em linhas tortas.
Perambulando inconscientes,
Retornamos à antigos lugares,
Buscando sentir algo já perdido.

Ainda pensamos como dois,
Resgatando vícios adquiridos há muito,
Trazendo lembranças de outrora,
Nos desfazemos no vazio existente.

Encontrei, dentre tantos devaneios,
Um lugar tranqüilo, longe do amor pretérito.
O que me despertas hoje
É somente inspiração, para contar histórias inventadas.

terça-feira, maio 03, 2011

Sede

Acordo ainda com teu gosto na boca e,
Confundindo as lembranças, me arrasto indolentemente.
O corpo suado, tomado de desejo,
Clama por ti, suplicando teu toque.

Deito e deleito-me sobre você
Escorregando entre teus sussurros.
Me vejo entregue às tuas vontades
Tornando-as as minhas próprias.

Decifro tua libido,
Ligo teus sinais,
Que me levam até você,
Um a um.

Tateando possibilidades,
Numa noite cheia de incertezas,
Te ofereço meu olhar.
Numa euforia contida, despeço-me,
Esperando um novo encontro.

terça-feira, janeiro 25, 2011

Forasteiro

Você que me é estranho,
Que trocou apenas dois olhares
E uma dúzia de palavras, contidas e espaçadas.
Que, num dia comum, impregnou meus pensamentos
Sem motivo aparente.

Existe algo, nesse teu jeito calado,
Quase indiferente, que me suga.
Me faz querer chegar perto,
Mesmo que só pra encostar meu braço no teu.

Talvez a intelectualidade discreta,
Ou o sorriso bonito, que aparece de vez em quando.
Questionamentos que não passam de hipóteses,
Uma vez que, nem ao menos conheço sua voz.

quarta-feira, janeiro 05, 2011

Tenho

Te espero sorrindo,
Talvez por não querer que voltes.
O amor é mais bonito quando idealizado.

Ainda assim, consciente, te desejo
Quase como obrigação.
Me parece, algumas vezes, que
Querer é mais importante que ter.

Assim, continuo te esperando,
Sem motivos aparentes.
A espera me conforta,
Pior seria não ter quem esperar.