quarta-feira, dezembro 01, 2010

Boa noite

Todos os dias,
No fim de tarde,
Vou passar pela sua porta, sorrateiramente,
Sem fazer barulho.

Te deixarei uma flor e um poema
Pra que tu se sinta amado
Pra ser sempre lembrado,
Mesmo que distante,
Do meu querer.

Te vejo de longe,
Com o rosto surpreso
Procurando, em vão, o tal remetente
Mil pensamentos te consomem.

Espero que, antes de dormir,
Quando deitar na cama,
Com os olhos quase fechando,
Você lembre das minhas palavras.

E quando os sonhos chegarem,
Você vai estar com um sorriso aberto,
Pensando em mim ou em outro amor
Me conforta apenas te fazer sentir bem.

segunda-feira, novembro 15, 2010

Iminência

Me tem sido recorrente
Aqueles milésimos de segundos, naquela noite
Quando de repente teu olhar era só meu,
Me convidando a ficar um pouco mais.

Minha resposta foi silenciosa,
Me debrucei sobre você,
Fechei os olhos e me deixei à deriva
Sem pretensões maiores.

Os pensamentos se dissipam
O corpo age por si só,
Se arrastando calculadamente em direção ao seu
As peles inebriadas se buscam...

Subitamente, paramos,
Sorrimos e percebemos que
O que nos resta, é calar a vontade.

sexta-feira, setembro 17, 2010

Escarlate

Me pego em pensamentos distantes
Me perguntando onde pode estar aquele sentimento
Dos dias que a gente lembra com um sorriso no rosto
Que não se pode descrever

Na memória, as cores são mais bonitas
Ou talvez únicas, como se naquele momento
O mundo tivesse mudado de cor
Pra que aquele momento fosse guardado pra sempre.

Lembro-me de uma cena, que passa devagar na cabeça
Um movimento lento, que me leva a tantos outros lugares, outras pessoas
Chego quase a sentir o cheiro da chuva caindo,
De como eu te olhava nos olhos...

Só nos restam esses fragmentos de saudade
Daquele dia que não volta
Dos abraços dissolvidos no tempo
De tudo que foi.

sexta-feira, setembro 03, 2010

Não

Devoro-te em pensamento
Toda a tua liberdade despretenciosa me envolveu
Me encantava teus olhos fechados
Me vem um turbilhão.

Era como se, naqueles dias, o tempo corresse diferente
Tuas histórias me tiravam do chão
Mesmo que se resumissem a pequenas frases
Como se ouvesse uma certa timidez disfarçada.

Tão efêmero quanto um amanhecer
Nos despedimos num fim de tarde,
Sem pretenções ou dúvidas
Simplesmente trocamos um último olhar.

Deixemos assim,
Esses momentos colorem o imaginário
Nos enchem de metáforas
E por mais perigosas que elas sejam,
Eu sorrio.

Tudo fora premeditado,
Nós deveríamos ser breves.
Assim foi decido,
Nesses dias de desencontros.

Era suficiente...

quinta-feira, julho 22, 2010

Silêncio

Penso em todas as coisas que poderiam ser ditas
Nas histórias, as idéias,
As saudades, as lembranças
Nada, de fato, vem até mim.

Lhe dou uma ponte,
Que nunca é cruzada.
Insisto na quebra,
Mas, o que te convém, é andar no mesmo caminho, talvez o mais longo.

Imagino qual seria sua primeira palavra,
Quem sabe uma frase...
No final, não ganho mais, do que a palavra
Que nada tem a dizer.

quinta-feira, julho 01, 2010

Amanhã

Quando o amanhecer voltar a ser dourado,
Quando teus olhos enxergarem púrpura
O nosso Bonde vai passar.

Nesse dia, como que por acaso,
Nos abraçaremos e as mágoas vão dissolver.

Falaremos sobre aquela tarde, lembraremos de músicas e filmes.
Tomaremos um café e, entre um cigarro e outro,
Teu sorriso vai se abrir, como em outros tempos.

Só te farei sentir bem.
O tempo se encarregará de só guardar as boas lembranças.

Falsete

Ainda é estranho te ver longe,
Mesmo quando o sentimento se diz distante.
Te sinto dentro de mim,
Como se nada tivesse mudado.

É estranho te imaginar ao lado de outro alguém
Uma vez que meu corpo ainda te sente,
Mesmo que na sala ao lado
Todos os dias.

Me perco nesse labirinto,
Nessa confusão de vontades...
Nesse querer, não querer, imposto,
Nada mais me atrai.

Sonho com teu sorriso junto ao meu
Naquele amanhecer dourado, que hoje se mostra tão longe.
Os desejos à flor da pele,
Vem aqui...

terça-feira, junho 22, 2010

Analogia

Quando perguntado sobre o que era o amor
Simplesmente não encontrou palavras
Ultimamente só conhecia o silêncio
Quebrado apenas por conversas curtas

Tentava encontrar, nos amores inventados
Alguma forma de conforto
Na sua cabeça, sentimentos não têm fim
Talvez alguma bobagem que leu em algum lugar

Que culpa tinha se os outros não lhe conquistavam o olhar?
Buscava apenas um momento pra respirar
Queria tirar um peso de si mesmo,
Que as feridas fechassem.

As tardes confundiam os sentidos,
Mesmo que, como já sabia,
Não havia mais como pensar naqueles dias
O tempo já os levou pra longe.

O que lhe confunde, é seu deslumbramento
A nostalgia que o faz olhar sempre pra trás
Pra ele, o passado se faz presente
Colorindo seus dias sem cor.

quarta-feira, maio 12, 2010

Penumbra

Estávamos ali, os dois
O ar tornara-se denso,
Quase como uma névoa, que nos envolvia,
Confundia os sentidos e as vontades.

Nos olhávamos fixamente
Como se ordenássemos uma inércia.
Conversávamos com o olhar
E, como se obedecêssemos uma lei tácita,
Nos despimos.

Tinha agora somente um corpo à minha frente
Era como se me olhasse no espelho.
Aquele corpo, de alguma forma, me pertencia
Isso era suficiente.

Não precisava de carícias, nem de sentir sua pele
Seu olhar era de pecado
E, seu corpo nu, me inebriava de desejo.

terça-feira, abril 27, 2010

Imaculado

Permaneço numa fuga ensaiada,
Um querer não ter perto, por estar longe.
Fazendo com que as vontades se percam,
A razão tem que se fazer maior
Ao mesmo tempo que o sentimento transborda.

O julgamento precipitado cabe na hipocrisia de cada um.
Tantos caminhos para o mesmo fim,
As palavras acabaram,
Junto com argumentos, justificativas e afins.

Torna-se quase como uma penitência.
Um caminho longo.
Que leva, ao menos imagina-se,
Para um lugar melhor.

Espera-se que cada um encene um papel.
Mas é vida real,
Não há heróis e vilões.
Há responsabilidade
E cada qual com a sua.

Não há espaço para se apontar dedos,
As decisões tem sempre um precedente.
Um motivo, por mais infundado que seja.

Reservo-me ao direito de permanecer assim,
Até que, se nos encontrarmos,
Um segundo capítulo será escrito.
Enquanto isso, o amor fica assim...

quinta-feira, abril 01, 2010

Antônio

Me peguei pensando em você
Naquela manhã, o céu nublado
A porta aberta,
Você me olhando

Queria te abraçar
Te contar meus sonhos
Saber dos teus
Andar por aí,
Tomar um café

Imagino teus cabelos já grisalhos
As primeiras rugas,
Mas o mesmo olhar,
A mesma força

Que saudade...
Minha inocência me fez perder detalhes
Não lembro das tuas músicas,
Dos teus gostos, do teu cheiro...

Te conheci pelas lembranças alheias
Pela saudade de todos
Por todo o sentimento que você espalhou
E que ainda está aqui

Ainda assim, eu lembro:
Naquela manhã, o céu nublado
A porta aberta,
Você me olhando.

Isso já me basta
Me faz te sentir aqui
Ao meu lado, me olhando.

sexta-feira, março 26, 2010

Balela

Chega de peito inflado
Declamando o seu porquê plural
A língua confiante
As certezas gritando

Uma verdade baseada no medo
Andar perdido,
Se segurando nas filosofias mais infundadas
Clamando por auto-afirmação

Morde a língua
Se afoga numa hipocrisia movediça
E se mostra mais desorientado
Olhos vagos
E a mesma atitude vazia

Sua revolução barata não depende de quem está ao seu lado
Mas do teu despertar,
De um passo firme.

segunda-feira, março 22, 2010

Atemporal

Olhos atentos
Tudo à flor da pele
Pensamento perto
A busca é sorrateira,
Só não se sabe bem o que se quer

Um passo firme no escuro
Tateando pessoas
Vontades aleatórias
Tudo ao mesmo tempo

Olho no espelho ou ao meu redor?
Atitudes dúbias
As margens se multiplicam
E te levam para um abismo
De dúvidas (e certezas)

quarta-feira, março 17, 2010

Nosso

Às vezes me falta um beijo
Daqueles que nos faz fechar as portas para o mundo
Que nos embriaga,
Nos envolve numa atmosfera particular

Aquele que pertence só a dois
Que é carimbo de um sentimento
Que nos faz querer parar o tempo,
O que torna o físico abstrato

Não é ensaiado,
Nem premeditado
Simplesmente, por algum motivo,
Ele é.

sábado, fevereiro 20, 2010

Desordem

Nunca entendi bem essa obsessão
Essa vontade que surge
Sempre que te tenho perto
Desse jeito, desde quando te roubei o primeiro olhar

Eu era teu, você sabia
Insistimos no contrário por teimosia
Acabamos por nos encontrar
Inconscientes

Já não me importo de me fazer presente
De me enfeitar pra você
Nem de sentir teu cheiro em mim
O material se torna banal
Não me importa a coerência,
Nos pertencemos.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Dois

Meu sentimento, com o tempo, torna-se uma antítese
Desejo ter perto, como desejo distância
Quero que você me queira
Como espero não mais querer-te

Quero te prender em mim
Mas não quero te ver
Cansei de pensar em você
Mas escrevo, como uma forma de ter aqui

Quando saio, torço pra te encontrar
Se por acaso vejo, fujo
Eu sei o que sinto
Só não sei o que vou sentir depois

Tudo muda, eu mudo
Você muda
Estamos nos perdendo
Ou ganhando uma outra possibilidade?

Perguntas sem respostas
Não sei se esqueço
Ou se devo lembrar
Espero uma definição
Um ponto final.

...

Uma virgula?

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Estação

Subo no Bonde
Despeço-me daqui
Do meu lugar favorito
Que talvez não seja mais pra mim
Que eu não pertenço
Que não me deixa ficar

Despeço-me por mim
E, principalmente, por ti
Que hoje me mata
De saudade
Que me faz amar um amor que não cabe em mim

Eu fujo, sim, fujo
Fujo por me perder em você
Por sentir os passos pesados
Pelo constante penar

O Bonde segue viagem
Se mistura na tarde púrpura
Se perde na noite escura
Esperando o amanhecer
Onde eu possa, de longe, te olhar de novo