quinta-feira, outubro 27, 2011

Deixo

Tanto esperei, em vão...
Esqueci de quem era a razão,
Para te ter mais perto,
Para deixar passar.

Não se afunde tanto,
Nem force o clichê.
Desafogue suas mágoas,
Abra os olhos e descarregue.

Você não sabe, finge.
Num ímpeto, se infla,
Em cima de pernas bambas.
Exasperado por si só.

Não me tentes com estes teus olhos,
Cansei do mesmo, infelizmente.
Do teu texto ensaiado, encharcado...
Silencia meus erros e escute os seus.

sexta-feira, outubro 14, 2011

Teu

Desfaço-me dos pudores que restaram e,
Esparramado dentre o silêncio vespertino,
Deixo você entrar.
Arrasto, pausadamente, por todo o corpo.

Sinto teus sussurros no pescoço
Tentando me convencer a ficar mais,
Te trago mais perto, te envergonhando sutilmente.
Você fecha os olhos e nos perdemos.

Caminhamos, ensaiados, ao nossos picos
Donde saltamos leves, desprovidos de tanto...
No escuro só pertenço a ti,
Entrelaçado, sem amarras.

Estendo minha vontade,
Admito teus dias errados.
Aqui estou eu,
Para você.

terça-feira, outubro 04, 2011

Antes

Quando somente um olhar me desmontava,
E eu ia pertencendo aos teus braços.
Tudo se engrandecia misturado ao mais ingênuo sentimento,
Me entregava à grandiosidade dos finais de tarde.

Talvez embalado pelos poetas, pelas melodias...
Por poder me despir inteiro para você,
Ir experimentando tuas nuances.
Por confabular impossibilidades.

A ilegalidade dos nossos encontros,
Legitimada pela minha doce inconsequência,
Temperava no coração, aquele grande amor,
Quando se clamava pela dor de amar.

"Deixo que as águas invadam meu rosto"
E eu ia me perdendo, naquele frio jamais experimentado
Supondo tanto, querendo...
Era só aquilo.

Guardado como devia.
Um dos capítulos mais bonitos,
Onde tivemos o necessário,
Para que, ainda hoje, você esteja nessas palavras.